quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Brincos e Tatuagens....




Muito se tem discutido acerca de certos aspectos das subculturas underground que ganham cada vez mais espaço nas igrejas evangélicas. Na internet, encontra-se facilmente fóruns de discussão com o tema. Depois de ler bastante sobre o assunto, me enfadei com o vazio das discussões e argumentações, carentes que são de uma análise também sociológica sobre o fenômeno das subculturas em nossa sociedade, o que não possibilita à igreja uma compreensão sadia do assunto.
É deprimente a completa falta de contextualização ao citar versículos bíblicos, assim como a presença das "idéias e frases prontas" - aquelas que as pessoas foram ensinadas sobre quando usá-las, mas não têm a mínima idéia do que significam na verdade. É a chamada "sabedoria de papagaio". Nas linhas que se seguem, vamos descrever de forma sucinta o que a bíblia diz ou não diz sobre alguns aspectos de algumas subculturas, como o uso de piercing, brincos e tatuagens, a fim de elucidar a questão e a mente daqueles que se encontram enganados em toda a sua sinceridade.


O cristianismo é um estilo de vida transcultural. Se a bíblia nos trouxesse como doutrina aspectos culturais amorais (não ligados a moralidade), como sustentam alguns, estes seriam, no mais tardar possível, os da cultura palestina do 1º século, época em que os escritores do novo testamento viveram. Mas não é esse o caso. Vivemos hoje numa cultura bem diferente daquela em que viveram os autores do novo testamento, e mesmo aqueles que se julgam estar de conformidade com alguns supostos padrões bíblicos de “como se vestir” e “o que vestir” estão muito distantes da realidade dos autores do novo testamento.

Movimentos underground

Devemos esclarecer que movimentos underground são movimentos de subcultura. O termo subcultura é utilizado sociologicamente para se referir a um grupo de pessoas cujo comportamento tem características que o separa da cultura maior (ou dominante) da sociedade na qual ele se desenvolve. Tais grupos são considerando subculturas e não culturas propriamente ditas porque são ligados à cultura maior (ou dominante) e apresentam traços dela. Cada cultura traz em si sua maneira de vestir, falar e pensar, e com as subculturas isso não é diferente. As chamadas "tribos urbanas" adotam visuais chocantes que fogem aos padrões impostos pela cultura maior ou dominante, têm seu próprio vocabulário (ou como algumas denominam, "dialetos") e principalmente uma outra maneira de ver o mundo, que muitas vezes bate de frente ao pensamento corrente na cultura maior. Vamos aqui nos deter apenas no que diz respeito ao visual dessas tribos, causa de tanta controvérsia no meio cristão.

Sobre não amar as coisas do mundo

Alguns sustentam que não é conveniente ao cristão fazer uso de brincos, piercing e tatuagem, pois não devemos nos contaminar com as coisas do mundo, mas que devemos ser diferentes, ser luz. É sempre citado João 2:15, que diz: "Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele." Veja bem: para usar este versículo no tema que discutimos, já parte-se do pressuposto que o visual das tribos underground é "do mundo". Mas na verdade, não é esse pressuposto que estamos submetendo a um exame aqui? Isso é um pensamento circular, uma falácia do pior tipo. Primeiro ponto: o que é "mundo"? Segundo ponto: por que seriam essas coisas deste tal "mundo"?

Pois bem. Estamos lendo uma carta que João escreveu para algumas igrejas residentes em lugares próximos uns dos outros; pequenas congregações da Ásia Menor, necessitadas de instrução e conselhos que as ajudassem a viver em plenitude o testemunho da sua fé em Jesus Cristo. A carta foi originalmente escrita para algumas igrejas que existiram há quase dois mil anos atrás. Vamos tentar entender o que os destinatários originais da carta entenderam e depois contextualizar sua mensagem para nossa época e contexto.

João lhes disse que eles não deveriam amar o mundo e nem as coisas que há nele. O que então é o "mundo" e o que são "as coisas que há nele"? Não foi o mesmo João que escreveu no evangelho que leva seu nome que "Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"? Veja bem: quer isso dizer que Deus amou o mundo, mas que nós não podemos amá-lo? Mas não foi Deus quem criou o mundo em Gênesis? Então a bíblia diz que Deus criou o mundo e o amou, mas que nós não podemos amá-lo? Veja como isso é confuso se não esclarecermos os vários significados que a palavra "mundo" pode ter na bíblia.

Quando a bíblia fala de "mundo", ela pode estar se referindo a três tipos de "mundo" diferentes. Existe na verdade o mundo que se refere à criação (o que Deus criou em Gênesis), o mundo que se refere às pessoas em geral, (como o de João 3:16) e o mundo que João diz que não devemos amá-lo. Esse mundo ao qual João se refere, no original grego é kosmos, e diz respeito a um sistema organizado e liderado por Satanás, que inclui os que não aceitam a Jesus Cristo e se opõem à vontade de Deus por serem naturalmente sem religião e agirem por um conjunto de objetivos e princípios que têm como referência apenas esta vida. Assim sendo, esse terceiro significado de "mundo" vem a designar os objetos que essas pessoas especialmente buscam e os princípios pelos quais agem. Esse é o tal mundo que não devemos amar.


João não quer dizer que não podemos amar as flores, as montanhas, os animais ou as pessoas não cristãs. João quer dizer que não devemos fazer desse mundo (kosmos) o objeto de nossa maior afeição, que não devemos ser influenciados pelas máximas e sentimentos que nele prevalecem, que não devemos amar as coisas que são buscadas simplesmente para empanturrar a barriga, agradar aos olhos ou para promover a soberba da vida. No versículo seguinte, João expõe o que são essas coisas: "porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo". Esses são os objetos buscados pelas pessoas deste mundo (kosmos); os cristãos não devem buscar tais coisas.

Não é possível invocar esse versículo e dizer que ele está proibindo o uso de brincos, piercing e tatuagens por si só. A restrição bíblica que poderíamos encontrar aqui para o uso desses adereços seriam as motivações pessoais que levam o indivíduo a usá-los. Mas isso é um problema pessoal que envolve liberdade e maturidade cristãs e a bíblia diz que não devo infringir a liberdade de outra pessoa. Esse sim é um mandamento explícito.

Sobre não fazer marcas sobre nossa carne (Levítico 19:28)

Para proibir o uso de tatuagens, é muito usado o texto de Levítico 19:28:

"Pelos mortos não ferireis a vossa carne; nem fareis marca nenhuma sobre vós. Eu sou o Senhor."

Este versículo é ainda mais problemático. Vamos supor que devemos observá-lo ainda hoje de forma literal. Se é assim, devemos manter nossa coerência e observar também Levítico 19:27 (apenas um versículo antes) que diz:

"Não cortareis o cabelo em redondo, nem danificareis as extremidades da barba."

Ganhamos aí um versículo para estereotipar o corte de cabelo e a barba dos crentes. Voltemos agora dois versículos, e observemos também Levítico 19:26 que diz:

"Não comereis coisa alguma com sangue, não agourareis, nem adivinhareis."

Temos aqui uma "dieta bíblica". Vamos ser coerentes: por que Levítico 19:28 deve ser observado e os versículos anteriores (e posteriores, que não vou nem citar aqui) não? Pegue sua bíblia e leia todo o livro de Levítico. Por que extrair só um versículo de todo o livro? Simples: conveniência. Para provar o que se quer provar. Para sustentar um preconceito. Não devemos observar um mandamento de forma literal simplesmente porque "está escrito". Devemos, na verdade, entender o princípio que levou ao estabelecimento daquele mandamento dentro de seu contexto. Então, por que foi ordenado aos israelitas em Levítico 19:28 que não ferissem a própria carne e que não fizessem marca alguma sobre ela?

Esse mandamento se encontra de uma outra forma também em Deuteronômio 14:1:

"Filhos sois do Senhor, vosso Deus; não vos dareis golpes, nem sobre a testa fareis calva por causa de algum morto."

Esta proibição de fazer cortes e marcas sobre o corpo se destinava, na verdade, a evitar toda contaminação possível com um rito pagão cananeu de fazer incisões e marcas no próprio corpo em honra a Baal, o deus cananeu da fertilidade. Então, esse mandamento foi estabelecido para evitar que o povo judeu se contaminasse com qualquer rito pagão dos seus vizinhos cananeus. Vemos então que esse versículo também não serve de suporte a preconceitos e doutrinas opressoras. Se serve, então teremos problemas com os outros versículos do mesmo capítulo de Levítico (e com todo o livro, na verdade). É só escolher.

Sobre o uso de brincos e piercing

Em relação ao uso de brincos e piercings, a bíblia nos mostra que as mulheres israelitas usavam piercing e brincos. Em Isaías 3:21, lemos:

"...os sinetes e as jóias pendentes do nariz..."

Esse versículo, segundo o comentário da Bíblia de Estudo Almeida, reflete o costume da época de perfurar um lado da narina para colocar nela um brinco. No contexto desse versículo, Deus está repreendendo as filhas de Sião, dizendo que irá retirar delas todos os seus adornos, "visto que são altivas as filhas de Sião e andam de pescoço emproado, de olhares impudentes..." (Isaías 3:16). O problema, na verdade, não são os adornos, mas o caráter das filhas de Sião. Vemos então que o piercing era um costume das mulheres de Israel e que nunca foi repreendido pelo Senhor, pois no contexto do versículo citado acima o que é repreendido é o caráter dessas mulheres.

Em outro texto, em Ezequiel 16:12, vemos que o próprio Deus colocou um piercing em Israel! O texto diz:

"E te pus um pendente no nariz, e arrecadas nas orelhas, e uma linda coroa na cabeça."

Neste texto, o profeta ilustra o relacionamento de Deus e Israel como um marido e sua esposa. Deus está aqui adornando sua esposa, Israel, com tudo o que havia de mais belo na cultura da época. É desnecessário dizer que na visão do profeta inspirado pelo Espírito Santo não havia nada de repreensível em se colocar um pendente (ou piercing) no nariz.

Sobre o escândalo

Alguns preferem adotar uma postura mais defensiva sobre o assunto sem se aprofundar demais em debates, dizendo que tais adereços devem na verdade ser evitados porque são "escândalo". Não devemos "escandalizar". Mas o que é "escândalo"? Jesus disse que "é impossível que não venham escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm! Melhor fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse atirado no mar, do que fazer tropeçar a um destes pequeninos." (Lucas 17:1,2). A conclusão lógica a que chegamos então é que se eu uso um visual diferente do resto da massa e alguém me vê e se "escandaliza" (no sentido que eles dão à palavra), então, de acordo com o versículo, seria melhor que alguém amarrase uma pedra de moinho no meu pescoço e me jogasse no mar. Será isso que Jesus quis dizer? Creio que não.

A palavra "escândalo" no grego é "skándalon" (de onde se derivou a palavra portuguesa escândalo) e significa tropeço ou armadilha, símbolo daquilo que incita ao pecado ou à perda da fé. Escândalo é todo ensino, palavra, obra ou omissão que incita o outro a pecar. Um visual underground por si só não é escândalo no sentido bíblico do termo.

Escândalo seria, por exemplo, um caso em que uma mulher é levada a usar um piercing no umbigo apenas por uma motivações luxuriosas. Agindo assim, ela voluntariamente poderia despertar em outras pessoas desejo sexual por estar expondo determinada parte de seu corpo, ou seja, poderia estar incitando alguém a pecar. De outra forma, não é escândalo.

Sobre o corpo ser "templo do Espírito"

A bíblia diz que somos templo do Espírito Santo. Então, concluem alguns, não podemos fazer tatuagem ou usar piercing porque estaríamos profanando esse templo do Espírito que é o nosso corpo e que também é onde Deus habita. Vamos analisar os textos.

1 Coríntios 3:16,17 - "Não sabeis vós que sois santuários de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, porque sagrado é o santuário de Deus, que sois vós."

Em primeiro lugar, devemos esclarecer que Paulo neste contexto não está dizendo que cada cristão é um templo do Espírito Santo. Este texto não diz que você individualmente é um templo do Espírito e que eu sou outro. Não, Paulo aqui está dizendo que a igreja em sua unidade é o templo do Espírito. Isso significa que você e eu não somos dois distintos templos do Espírito, mas que você e eu somos parte de um único templo, somos como que apenas dois tijolinhos. A igreja é o templo.

Nos versículos anteriores Paulo estava falando sobre obras usando uma linguagem da arquitetura, e aqui ele faz o desfecho de seu raciocínio dizendo que a igreja é um edifício, é um templo, mas não um templo qualquer, mas o templo do Espírito Santo e que, portanto, ela deve ser pura e santa. Paulo estava se referindo à comunidade de cristãos como lugar onde Deus habita. A idéia é derivada do modo de falar dos judeus, e a alusão é provavelmente ao fato de que Deus habitava entre eles (os judeus) por um símbolo visível - o templo de Jerusalém. Então, da mesma forma que Deus habitava entre os judeus, da mesma forma como Ele tinha um templo visível, agora ele habita entre os cristãos, que são o Seu novo templo. Entre os pagãos, essa imagem também era muito comum. Os templos dos pagãos também eram considerados sagrados e acreditava-se que seus deuses os habitavam. Eram invioláveis. Aqueles que neles procuravam refúgio estavam a salvo. Com essas imagens em mente, Paulo descreve a igreja como templo do Espírito, sagrada, inviolável.

Quando Paulo diz no versículo seguinte sobre "destruir" o templo de Deus, ele não estava se referindo a destruição física ou aniquilação em massa da comunidade de cristãos. Isso não faz o mínimo sentido neste contexto. O sentido figurativo dessa passagem é: "Se alguém com suas doutrinas ou preceitos levar a igreja por tal caminho que leve à sua destruição, Deus o irá punir severamente". No versículo seguinte, ele dá continuidade à figura que vinha construindo e dá sentido ao texto: "Ninguém se engane a si mesmo; se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se de louco para se tornar sábio" (1 Coríntios 3:18). Nos próximos versículos ele continua neste tema enfatizando a diferença entre a sabedoria do mundo e de Deus.

Analisando este texto dentro de seu contexto, vemos que não faz o menor sentido dizer que ele está proibindo o uso de tatuagens ou de qualquer outra coisa em plano físico ou estético.

Ainda há um outro texto em 1 Coríntios em que Paulo fala sobre ser "templo do Espírito".

1 Coríntios 6:10 - "Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?"

Já neste texto, Paulo não está se referindo à igreja como o templo do Espírito. Aqui ele está se referindo a cada cristão como um templo individual. No texto que vimos anteriormente, ele se referia a toda a comunidade de cristãos como que formando um único templo; aqui, ele diz que cada cristão individualmente é um templo.

Paulo está neste contexto falando sobre prostituição. Ele diz: "Coríntios, não vão para a cama com uma prostituta." Então, perguntam os Coríntios, carnais e imaturos na fé: "Mas por quê?" Paulo responde: "Porque vocês são templos do Espírito. Deus habita em cada um de vocês. Vocês são um com Deus. Quando vocês vão para a cama com uma prostituta, estão colocando Deus em participação com uma prostituta. Estão relacionando Cristo com a imoralidade.".

Paulo aqui não está dizendo nada sobre qualidades físicas. Ele está se referindo a um comportamento moral. Não faz o mínimo sentido dizer que a bíblia proíbe tatuagens e invocar esse versículo para tentar provar isso. Se dizemos que Paulo estava se referindo a qualidades físicas e que portanto fazer tatuagem é proibido por esse versículo, então temos que ser coerentes com as conseqüências desse raciocínio. Se for assim, pessoas mais saudáveis e que se exercitam mais são templos "mais apropriados" para a habitação do Espírito. Deficientes físicos então são templos inadequados para a morada de Deus. É engraçado ver que as pessoas que usam esse versículo para proibir tatuagens não pregam também sobre a ingestão de colesterol, gordura, alimentos cancerígenos e outros que de uma forma ou de outra causam danos físicos ao "templo" do Espírito.

O cerne do problema

O grande problema, na verdade, é o preconceito e a ignorância. Ele não é próprio apenas da igreja. É comum a grande parte da sociedade, mas a diferença é que a igreja o reveste de uma aura de “espiritualidade” em versículos descontextualizados, que nada têm a ver com o assunto, "santificando" assim seu preconceito. Em Apocalipse, João viu "grande multidão, que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos..." (Apocalipse 7:9). É maravilhoso ver essa diversidade cultural que exprime tão bem o caráter criativo de Deus e, melhor ainda, unida diante de Seu trono. Alguns argumentam que não têm preconceito porque tentam (ainda que de forma ingênua) buscar pessoas de tribos underground para a igreja. Mas basta um período de convivência para desmascarar sua reais intenções, pois quando essas pessoas entram na igreja, são oprimidas, incompreendidas, têm que cortar o cabelo, tirar os brincos, trocar as roupas e etc. Não seria esse um preconceito ainda maior?

A comunidade Caverna de Adulão, de Belo Horizonte, por exemplo, surgiu justamente dessa deficiência da igreja em se relacionar e dialogar com pessoas "diferentes". Quando a Caverna surgiu, no início da década de 90, ela era apenas um ministério que trabalhava em conjunto com as igrejas, e não uma comunidade como é hoje. O objetivo era alcançar jovens de subculturas diferentes, principalmente os "headbangers" (vulgarmente conhecidos como metaleiros), quando a capital mineira era considerada a capital nacional do Heavy Metal. Esse jovens que eram alcançados eram então encaminhados pela Caverna de Adulão a diversas igrejas, para ali receberem os primeiros cuidados como novas criaturas em Cristo e crescer na fé. Mas não foi isso o que as igrejas fizeram. Esses jovens começaram a ser oprimidos dentro das igrejas e não eram compreendidos. Daí, ao perceber que muitos deles já estavam se extraviando, surgiu a necessidade de se reunir todos esses jovens e a Caverna de Adulão se constituiu então como comunidade.

Sendo uma nova criatura

Ser uma nova criatura não significa passar por uma transformação que nos tira a humanidade e nos eleva a um patamar superior de existência em relação ao resto do mundo. Antes de Jesus éramos seres humanos. Depois de Jesus continuamos sendo seres humanos. Algumas coisas intrínsecas à nossa natureza humana continuam fazendo parte de nós e nunca vão mudar (e nem têm que mudar). A igreja precisa se libertar desse maniqueísmo. Ela se fecha num sistema que diz que se não é de Deus é do diabo. Isso é uma mentira. Maneiras de se vestir são, na imensa maioria das vezes, apenas juízos de fato, quase nunca podendo receber algum juízo de valor. Não se pode afirmar que o uso de tatuagens e adereços, como piercing e brincos, é melhor ou pior, num sentido moral, que o visual default (ou padrão) adotado pela cultura dominante.

Conclusão

Pelo que foi exposto, então, verifica-se que as supostas “bases bíblicas” geralmente usadas para se proibir o uso de piercings e tatuagens por cristãos sucumbem diante de um exame mais profundo. Muito poderia ainda ter-se discorrido sobre o assunto, mas o exposto acima é suficiente para apontar as mais comuns falhas de argumentação e interpretação referentes ao assunto e aos textos bíblicos, assim como para desconstruir doutrinas fundamentadas nestes erros, revelando-as como demasiado humanas - e nada além disso. Doutrinas essas repressivas, opressoras e preconceituosas, típicas de alguns líderes e de seus "rebanhos de papagaios" que se preocupam demais com o material e externo, mas pouco se lembram do transcendente e eterno.

Glauber Ataide

2 comentários:

  1. Bom texto!
    Só tenho medo das chamada igreja "alternativa", pois não há uma alternativa para a igreja, pois a mesma é um fim em si mesma.
    E ademais, temos que ter cuidado com os chavões "contextualizar", "relevante", haja vista o fato de que o evangelho do reino não deve ser adaptado (diminuir o nivel do mar) mas sim temos q adaptar a nossa vida humana e espiritual ao evangelho do reino (nadar no mar pra nao se afogar).

    Beijos

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  2. Acredito que devemos ser sempre a luz do mundo, que nosso corpo é santuario do espirito santo, acredito que o uso de certos modismo não é reflexo dos filhos de Deus
    Deus fique com vcs

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